sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O Príncipe de Maquiavel e as Teorias da Administração

   O Príncipe trata-se de um conjunto de instruções, dadas por Maquiavel ao príncipe Lorenzo de Médici, sobre a melhor forma de governar, ou seja, trata claramente de autoridade e liderança. Nos princípios expostos pelo autor, se encontra muito do que as teorias da Administração pregam. 
 
   Começando pela teoria da Administração Científica de Taylor, onde uma das suas afirmações é a de que deve haver uma interação amigável entre os gestores e os trabalhadores, mas com uma clara separação dos deveres entre uns e outros, o que condiz com que Maquiavel trata no seguinte trecho:"Os romanos, nas províncias de que se assenhorearam, observaram bem estes pontos: fundaram colônias, conquistaram a amizade dos menos prestigiosos, sem lhes aumentar o poder (...). E quem não encaminhar satisfatoriamente esta parte, cedo perderá a sua conquista e, enquanto puder conservá-la, terá infinitos aborrecimentos e dificuldades."
   É notável que o que o autor afirma no referido trecho é um conselho valioso para os líderes de hoje, ou seja, a amizade entre eles e os subordinados é benéfica para o clima organizacional, desde que não se deixe que por essa amizade os subordinados passem a ter um poder que não lhes é devido, pois tal atitude leva a perda da autoridade do líder e ao fracasso sua liderança.
   Também pode-se notar a relação do que o autor descreve com a teoria das necessidades de Maslow, pois o autor deixa claro que o príncipe (gestor, líder) deve suprir as necessidades de seus súditos (subordinados e/ou colaboradores) desde as mais básicas, como as fisiológicas, assim como as de segurança (o povo deve sentir- se protegido, caso o território venha a ser atacado), as sociais (proporcionando a possibilidade da diversão e interação do povo como lê- se em: "Além do mais, deve, nas épocas próprias do ano, dar ao povo festas e espetáculos."), as de estima (notável em:" Do mesmo modo, deve um príncipe mostrar-se amante das virtudes e honrar aqueles que se destacam numa arte qualquer.") e as de auto-realização(que muitas vezes, são satisfeitas através do reconhecimento, ou seja, quando individuo nota que está se desenvolvendo bem).Sendo o dever de realizar tais ações, reafirmado no seguinte trecho:"E, porque toda cidade está dividida em corporações de artes ou grupos sociais, deve cuidar dessas corporações e desses grupos, reunir-se com eles algumas vezes, dar de si prova de humanidade e munificência, mantendo sempre firme, não obstante, a majestade de sua dignidade, eis que esta não deve faltar em coisa alguma."
   Do mesmo modo, percebe-se que Maquiavel demonstra a importância da motivação através do reconhecimento dos súditos (subordinados), pois firma o comportamento desejado para que se obtenha os resultados necessários ao crescimento do principado (empresa); como ele expõe no trecho a seguir:"Ao mesmo tempo, deve animar os seus cidadãos a exercer pacificamente as suas atividades no comércio, na agricultura e em qualquer outra ocupação, de forma que o agricultor não tema ornar as suas propriedades por receio de que as mesmas lhe sejam tomadas, enquanto o comerciante não deixe de exercer o seu comércio por medo das taxas; deve, além disso, instituir prêmios para os que quiserem realizar tais coisas e os que pensarem em por qualquer forma engrandecer a sua cidade ou o seu Estado."
   Enfim, O Príncipe como se pode ver é um livro atual, e apesar de aparentemente tratar de apenas um tema, seus ensinamentos tem inúmeras aplicações em vários âmbitos do nosso cotidiano, especialmente no mundo corporativo.
 
Por Eldes Cristina Alves dos Santos

8 Ps do Marketing Digital pretendem melhorar a estratégia das empresas

   Os 4 Ps propostos por McCarthy podem ser um dos principais conceitos do Marketing, mas, para Conrado Adolpho, a lista é um pouco maior em se tratando do Marketing Digital. O autor do Best-seller “Google Marketing”, que chega à quarta edição com 15 mil unidades vendidas, propõe 8 Ps para melhorar a estratégia online das empresas e maximizar os bons resultados.
   Para promover as vantagens do conceito, chega às livrarias este mês o livro “Os 8 Ps do Marketing Digital”, da editora Novatec. Atuando há 10 anos na área, Adolpho planeja ainda o lançamento do e-book “30 dicas para o sucesso rápido”, que estará disponível gratuitamente.
   Em entrevista ao Mundo do Marketing, o especialista destaca as principais características da teoria e explica por que é necessário criar um ciclo infinito que compreende a atuação da empresa na internet, composto por Pesquisa, Planejamento, Produção, Publicação, Promoção, Propagação, Personalização e Precisão.

Por que 8 Ps?

   "Hoje temos uma quantidade muito grande de players dentro do mercado: o analista, a empresa que faz otimização de site, mídias sociais, métricas, e-mail marketing, um monte de fornecedores, que acham que, naquele momento, são os mais importantes. Com isso, o empresário acaba ficando perdido, sem saber o que contratar e em que hora. Por exemplo, ele não sabe que não deveria contratar uma empresa que envia e-mail marketing sem ter antes o mailing. Mas não adianta comprar mailing, o retorno de compra de mailing é muito baixo. É muito mais fácil investir numa ação para construir o mailing dele do que comprar o mailing e enviar. Assim como não adianta também colocar alguma campanha de mídias sociais se não há conteúdo para fazer essa campanha. Mídia social é conteúdo, não promoção. O conteúdo é uma “cola social”. As empresas ficam confusas sobre quais são as competências que precisam no momento. É isso que os 8 Ps propõem".

As transformações da internet

   "A internet transformou a relação de tempo-espaço e mudou o modelo de negócio de várias empresas. Há, por exemplo, uma Zappos, que é a maior vendedora de sapatos e artigos de moda do mundo pela internet, porque consegue vender para qualquer lugar. O e-commerce é o primeiro movimento – a primeira mudança em modelo de negócio – a partir dessa transformação na questão do espaço que a internet promove. Há o fenômeno de compras coletivas, que é um conceito que a internet traz. A internet entra como resposta para aquilo que o ser humano já queria".

Os 8 Ps

   "Os 4 Ps são variáveis controladas – preço, praça, produto e promoção – para atuar no mercado de maneira mais eficiente. Os 8 Ps são um processo e não variáveis controláveis. O primeiro P é pesquisa. Antes de planejar é preciso pesquisar. O segundo P é planejamento, pois para produzir o site é necessário planejá-lo. Na internet você envolve designer, pessoal de jornalismo, marketing, desenvolvedor, uma quantidade muito grande de pessoas com diferentes competências que precisam falar a mesma linguagem. Por isso é necessário o P de planejamento.
   Depois vem produção, publicação de conteúdo, dentro e fora do site, como nas mídias sociais. Aí sim aparece o P de promoção, que é o quinto. Não só promovendo a marca simplesmente, mas com um viés de propagação, que é o sexto P, o famoso Marketing Viral, mas algo muito mais profundo. É se aproveitar do alto grau de atividade do consumidor – não existe uma revolução no Egito ou um case Arezzo à toa: o consumidor hoje tem o software e o hardware para expor suas opiniões. É um consumidor muito mais ativo do que nas décadas de 1970 e 1980. Depois de promover para que o consumidor propague, há outra teoria em torno disso que são as campanhas colaborativa e competitiva. A colaborativa significa as pessoas se juntarem por uma causa, enquanto a competitiva é algo como “Escreva uma frase e concorra a um iPad”. Ou seja, estar competindo com outras pessoas. Fazendo tudo isso – promoção e propagação – é hora do sétimo P, que é a personalização. Na internet, é possível personalizar comunicação em massa, tratando o consumidor como um indivíduo. Finalmente, a precisão é o oitavo P, o que significa mensurar, medir tudo".

Empresas circulares

   "A partir do momento em que a empresa faz do primeiro ao oitavo P, é possível conhecer melhor o mercado. Hoje não existe processo linear, os processos são circulares. A empresa circular é aquela que, quando termina um ciclo, volta para melhorá-lo. O primeiro iPod, por exemplo, que nem chegou ao Brasil, era horroroso e foi melhorando até o iPod Touch. Quem começou com isso foi a Microsoft, com o Windows 3.11. Este é o conceito das empresas que lançam o mesmo produto várias vezes. Os 8 Ps não são uma linha, que tem início, meio e fim. Eles têm um início, que é a pesquisa, mas não têm um fim. Depois de chegar ao oitavo P e mensurar tudo o que deu certo, é necessária uma pesquisa para entender com mais propriedade e reiniciar um novo ciclo. Cada vez que você gira esse ciclo, aprende mais sobre o seu negócio".

Pequenos e médios negócios

   "Quero mostrar para as pessoas que estratégias de Marketing Digital podem ser usadas tanto para profissionais liberais como para empresas grandes. Temos mais de 100 cases que obtiveram sucesso com os 8 Ps, desde o case do Mario Persona, que é um palestrante, até o do Flamengo, da Nokia, da Trip. Um conceito que os 8 Ps trazem para o mercado é a questão de integração entre competências que parecem muito distintas, mas que conversam entre si. Os 8 Ps são um método que ajudam o negócio a ganhar dinheiro, mas também uma teoria voltada para pequenos negócios. Os 8 Ps não são voltados para a Unilever. Ela até pode usá-los, mas será muito pouco, porque já tem muita gente que se preocupa com a empresa. Os 8 Ps são voltados para o micro e pequeno empresário, além do profissional liberal.

¹Reportagem de Bruno Mello.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O que ensinar aos jovens sobre dinheiro

   Especialista Marcela Ayres dá oito dicas sobre como agir em relação à mesada, cartões de crédito e gastos individuais e familiares:

   Além das mudanças físicas e comportamentais, passar pela adolescência significa aprender a lidar com dinheiro como gente grande. No meio do caminho, decisões como poupar a mesada, dispensá-la no momento do primeiro estágio, consumir a partir das próprias economias e usar o cartão de crédito dão pistas de como o jovem vai se virar sozinho dali a alguns anos.
   Eloisa Vasconcellos, agente autônoma de investimento e responsável pela área educacional da corretora Magliano, percebeu que a demanda por ensinamentos voltados especificamente para os adolescentes era grande nas aulas de educação financeira que organizava para mulheres. "Muitas já atuavam como economistas de plantão dentro de casa: o controle da ansiedade, a escolha da hora certa para a melhor compra e a alocação do capital de forma diversificada e flexível elas já usavam, sem saber, no orçamento doméstico", afirma a especialista. Mas chegado o momento da adolescência, o exemplo familiar não parecia ser o suficiente para livrar os filhos do consumismo desenfreado. Segundo ela, os jovens naturalmente passam a absorver mais estímulos dos amigos e dos meios de comunicação à medida que ficam mais velhos. Portanto, devem estar conscientes sobre a impossibilidade (e tantas vezes falta de necessidade) de comprar tudo que lhes vem à cabeça. Com o objetivo de passar os ensinamentos para frente, Eloisa passou a montar cursos de educação financeira voltados para adolescentes em Piracicaba, interior de São Paulo.
   Veja a seguir as dicas da especialista sobre como os pais devem introduzir conceitos de poupança e consumo em diferentes fases da adolescência:

A importância do não

   Muitas vezes vemos uma criança fazendo escândalo na porta de uma loja e os parentes cedendo por vergonha. Este é o começo do fim porque o comportamento vai repercutir lá na frente, na adolescência e juventude. Na vida moderna muitos pais presenteiam para compensar a ausência. Mas desta forma a criança não aprende quando ela pode e não pode, ou quando uma coisa é cara ou barata. E esse questionamento, quando interiorizado, é uma coisa que fica no inconsciente pelo resto da vida. Por isso, saiba dizer não.

A lição vem de casa

   O ensino de finanças não é obrigatório nas escolas, então você acaba aprendendo na vida. Mas é importante quebrar esse ciclo e repassar o conhecimento para os filhos. Vejo muitos profissionais adultos lamentando não terem recebido lições para se organizarem financeiramente desde muito cedo. E os ensinamentos são simples. O tabu de se falar sobre sexo vem sendo quebrado há mais de 50 anos, mas as famílias ainda relutam em falar de dinheiro. As contas de casa devem estar em planilhas abertas, com pais e filhos por dentro de tudo. Ao invés de ser visto como um elemento facilitador da vida, o dinheiro acaba sendo enxergado apenas como uma ferramenta de poder e isso é errado.

Primeiro passo

   Estabelecer uma verba mensal para gastos extras, como roupas, sapatos, lanches, ida ao cinema e outros passeios é uma boa saída. Minha dica é que o próprio adolescente tome a iniciativa de anotar durante dois meses o que gasta. Em seguida, ele deve apresentar esse levantamento para os pais e pedir a liberdade de administrar esse dinheiro sozinho. É com esses recursos que ele terá a chance de economizar nos supérfluos com o objetivo de poupar por um plano mais audacioso: uma bicicleta, uma viagem, um carro lá na frente.
   Toda economia precisa de um objetivo, senão lá pelo terceiro mês você deixa de poupar. Para o adolescente é a mesma coisa. Incentive um sonho, a compra de algo que fará a diferença. Se o plano é economizar para uma excursão no exterior, por exemplo, o filho pode poupar para gastar quando estiver no outro país enquanto o pai fica responsável pelo passeio em si, com passagens e acomodação.

Alternativa à mesada

   Se a família não tem condições de pagar uma mesada ao jovem, uma alternativa é delegar a tarefa de supervisionar os gastos da casa a ele. Nesse caso, o filho fica responsável por cuidar e comparar mensalmente as contas de supermercado, de luz, de gás. O que conseguir ser economizado a partir de um parâmetro inicial, isto é, da soma paga no mês anterior à implantação deste sistema, ficará para o adolescente, que será uma espécie de xerife das finanças domésticas.

Gastos diários e escolhas duradouras

   A partir destes recursos, o adolescente deve montar uma lista de prioridades e necessidades. O segredo para poupar é anotar todos os gastos efetuados ao longo do dia. Pode ser no celular, no computador, em um bloquinho de papel. Essa é a única forma de fazer um levantamento diário das despesas e identificar onde dá para fazer cortes. É essencial que o jovem tenha aprendido que enquanto estava crescendo, com o pé mudando de tamanho de um ano para outro, não valia a pena trocar de sapatos com tanta frequência. Entrar na vida adulta é também fazer escolhas mais duradouras. Para que gastar todo o dinheiro da mesada em games se você sabe que no ano seguinte terá vontade de comprar todos os jogos que forem lançados?

Trabalho

   É importante que o adolescente saiba em que ele é bom: computação, inglês ou música, por exemplo. A partir daí ele pode dar aulas particulares e incrementar seu orçamento. Qualquer ganho adicional a partir de 15 anos é uma vitória, seja em um estágio, como professor particular ou como monitor de recreação. Os pais devem ter a sensibilidade para perceber esse talento e incentivá-lo, independente do filho já gozar de uma situação financeiramente confortável ou não. Desta jogada entre pais e filhos é que resulta o empreendedorismo e a responsabilidade em administrar o dinheiro ganho por contra própria.

Cartão de crédito e débito

   Com 11 anos o adolescente já tem condições de lidar com um cartão adicional da conta dos pais, que deve ser introduzido em situações de pequenos gastos, como a compra de um lanche ou ingresso de cinema. Ao invés de esperar o troco, lidando com cédulas, o adolescente anota e guarda as notinhas para mostrar mais tarde para os pais, que também poderão manter o controle eletrônico através do extrato bancário. O limite para gastos será gradualmente modificado com a mudança nas necessidades do adolescente, acordadas em conjunto com a família. É interessante e importantíssimo que o cartão seja utilizado, porque a realidade é que ele fará parte da vida adulta de qualquer pessoa. Normalmente quem gasta além do que pode no cheque especial ou cartão é o indivíduo que não foi educado para lidar com estes instrumentos como faria com o dinheiro físico, e sim como uma extensão do crédito.

Pé no freio na gastança

   As famílias enfrentam problemas porque de uma hora para outra os filhos viram escravos do consumo. Entre 12 e 13 anos, você nota que os adolescentes já têm muita vontade de ter. Mas até aí eles ainda respeitam os limites colocados pelos pais. A partir de 14 anos eles se sentem mais libertos. Mas vivemos em um país com juros altos e as pessoas estão aprendendo a consumir coisas a que não tinham acesso em um passado recente. Por isso, é preciso frisar a importância do planejamento financeiro. E a noção de muitas vezes é preciso desistir de algo para ter condições de desfrutar de uma situação melhor para todos.
   Hoje em dia os pais dão muito e os filhos muitas vezes não retribuem na mesma medida. Estamos em um momento de estudar essa transformação. Se o orçamento apertar, acho válido abrir o jogo e expor para o filho que será preciso fazer uma parada técnica, tirá-lo da ginástica ou da natação para ajudar nas contas de casa. É bom incluí-lo nessas decisões. Quem passa por uma experiência assim potencialmente fará questão de ajudar nos gastos de casa quando começar a trabalhar, ou mesmo abrirá mão da mesada. Mas no Brasil, 90% das famílias consideram que um episódio como este é sinônimo de derrota. E muitas mantêm as aparências em nome de uma estrutura que pode ruir lá no futuro.